sábado, 27 de fevereiro de 2010

Despedida

Quem sabe tivesse sido menos doloroso se eu não estivesse aqui quando ele partiu. Talvez em algum lugar menos cinza, menos despedida. Desses que nos transportam até um plano substancialmente ameno onde até parece que o mundo é como o bater de asas de um beija-flor. Mas, não.
Por detrás daqueles óculos singelos, ele me beijou a face. Abraçou-me, dolorido e pesado por um tempo tão indeterminado que pudemos sentir tudo aquilo que diríamos caso tivéssemos aberto nossas bocas. Só que não precisamos: Foi o não-dito que disse tudo. Porém, a dúvida do dito pelo não-dito, aquela que nos assombra pela incerteza do arrependimento futuro, que inevitavelmente nos punirá pela covardia e fraqueza do momento, eu preferi abandonar. A única coisa que me importava era que ele soubesse o quanto sentiria sua falta, o quanto o amava. Era preciso falar, assim, de homem para homem.
Afinal, ele não é mais aquele garotinho. É, como dizem, um homem barbado. Dono de seu futuro e dos próprios erros. Depois de tanto! Tantas dificuldades e histórias juntos, seus dias agora seriam preechidos por um novo horizonte, amplo, infinito de possibilidades. Sua ambição saciada numa jornada que apenas pode ser trilhada sozinho.
A distância que não é medida no espaço, mas no tempo, se chama saudade. Achei que fosse percorrê-la só quando as lembranças me apertassem o peito mas o que senti, naquela hora, já era muito mais longe do que a Terra está da Lua. Muito mais. Então, lhe retribui o beijo e disse:

- Amo você. E vou sentir muito a sua falta.

3 comentários:

Amy disse...

Gosto da paixão desse texto, as palavras de certa forma vomitadas no drama de um momento.

Bonito.

Beijos

Luana Strapaissi disse...

Queria mesmo falar com vc.. Ainda tem msn?? Nunca mais te vi online!
Saudades..

Lyra disse...

Voltay pro mundo bloggueiro, através do sleeping! volta tb, eu gosto mto dos seus textos. Temos que trocar mais figurinhas via msn. Beijos!